Santander fecha agências em São Paulo e clientes não são avisados

01/12/2025
/
183 Visualizações

(Por Fernando Aires) - foto Paulinho Costa feebpr -

O fechamento de agências físicas do Banco Santander em cidades de São Paulo, muitas vezes sem comunicação clara aos correntistas, está gerando indignação e insegurança entre os clientes. Denúncias de usuários relatam que, em diversas unidades, o banco simplesmente fechou as portas – algumas delas sem aviso prévio ou com avisos apenas colados nas portas, dias antes ou até no mesmo dia do encerramento.

Em casos como o de Veranópolis – RS, uma idosa de 90 anos ficou sem atendimento após o banco fixar um cartaz que anunciava o fechamento da agência local no dia 03/07/2025, mas sem nenhuma notificação por correio ou telefone. Os proventos de aposentadoria e pensão pararam de cair na agência fechada, e o centro de atendimento mais próximo ficava bem distante.

Em São Paulo, reclamações semelhantes destacam que agências da Vila Formosa, Conselheiro Carrão e outras regiões foram fechadas sem informar previamente qual seria a nova agência responsável pelas contas, ou mesmo avisar os correntistas.

A unidade Vila Formosa 0399, por exemplo, fechou suas portas no dia 12 de setembro. Aos clientes pessoa física e jurídica, restou o espanto ao chegar em frente a unidade no dia 15/09. “Havia um comunicado pequeno na porta sobre o fechamento da agência, porém, nós clientes não recebemos qualquer informação por e-mail, WhatsApp, ligação ou correios. Foi tudo muito rápido, na “calada da noite”, muito provavelmente já era algo programado há meses, até porque assim que chegamos aqui na frente da agência já estavam reformando, removendo a fachada e tudo mais. Lamentável o tratamento e descaso dado a nós ao longo dos últimos meses”, comentou um cliente que passava pela avenida.

“Minha mãe recebe aposentadoria lá na Agência Vl. Formosa. E agora? Onde tem outra?”, desabafa Elaine Toneto.

“Aconteceu a mesma coisa com a agência da Vila Zelina, fecharam e nós não recebemos comunicado ou aviso para qual agência fomos transferidos.

Péssimo!”, afirma Karina Pancera.

“Bem feito, para todos que aceitaram sempre pagar as contas lá fora ou online. Agora chora sem agência, e sem empregos. Vai lá fora pagar as contas. Um monte de pai de família desempregado. O banco não está nem aí com você, e ainda fica com seu dinheiro. Vai dando corda. Daqui a pouco nem banco mais tem. Minha mãe saiu prejudicada, agora precisa pegar ônibus para ir na agência mais próxima”, comenta indignada Daniella Gomes Pichoneri.

Procurado, o Banco Santander não se pronunciou sobre o fechamento surpresas desta e inúmeras unidades.

O que diz a lei?

A Resolução 4.072/2012 do Conselho Monetário Nacional – CMN, que dispõe sobre instalação e funcionamento de agências e dependências de instituições financeiras, exige que o encerramento de uma agência seja comunicado aos clientes com antecedência mínima de 30 dias, “por meio de aviso fixado em local de fácil visibilidade”.

Um despacho recente do Tribunal de Justiça do Maranhão ratificou esse entendimento: a norma exige apenas o aviso prévio de 30 dias, mas não impõe outras condições de manutenção obrigatória das agências – o juiz entendeu que o Estado não pode impedir o fechamento por parte do banco, já que interfere na livre iniciativa.

Portanto, do ponto de vista legal, o banco tem sim a obrigação de avisar os correntistas com antecedência mínima de 30 dias e de fixar um aviso visível na agência que será fechada.

Porém, muitos dos relatos apontam que essas exigências não estão sendo atendidas, ou estão sendo cumpridas de forma apenas formal (como um cartaz na porta no último momento).

Como os correntistas são lesados?
Os clientes, especialmente em cidades menores, precisam se deslocar para outras localidades para obter atendimento presencial, o que pode gerar custos, tempo perdido e dificuldades, sobretudo para idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou sem acesso fácil a transporte.

Os aposentados ou beneficiários do INSS também são outro grupo prejudicado. Muitos relatam que passaram a receber seus proventos em locais diferentes, com mudança automática sem aviso claro.

Neste cenário, fica claro que o banco vai tentar “empurrar” boa parte de seus clientes para a internet, instruindo-os a utilizarem mais os aplicativos do celular ou mesmo o site. O problema é que muitas destas pessoas não possuem qualquer familiaridade com essas tecnologias.

Será que é assim que se trata um correntista no Brasil?

Outras irregularidades
Além do fechamento sem aviso prévio de muitas agências, o Santander também responde por outras irregularidades cometidas pelas agências, além da omissão em responsabilidade por fraudes e golpes.

No início de agosto, o Santander foi multado em R$ 13,2 milhões pelo Procon-SP por liberar contratos de empréstimos consignados fraudulentos e realizar descontos considerados abusivos em benefícios previdenciários.

Em julho, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a multa de R$ 9,6 milhões aplicada pelo Procon/MG ao Santander, após constatar a inscrição indevida de cerca de sete mil servidores públicos estaduais nos órgãos de restrição ao crédito.

Outros casos isolados também dão conta de golpes sofridos por correntistas em uma agência de São Paulo, no bairro Vila Formosa. Nesta mesma agência Santander, onde ocorreu um golpe no valor de R$ 40 mil, tem-se informações de que casos ainda piores surgiram ao longo de 2024 e 2025.  

O que deve fazer o correntista prejudicado?
Por outro lado, os correntistas que se sentirem prejudicados, têm todo direito de manifestar a sua indignação e cobrar mais atenção e respeito por parte do banco. Existem algumas medidas que podem ser adotadas:

– Registrar reclamação formal: protocolar reclamação no Procon-SP (se for no estado) ou no Procon municipal, e no Banco Central (ouvidoria/registro de reclamação financeira) – anexando fotos do aviso (se houver), extratos e comprovantes de prejuízo.

– Usar plataformas de reclamação pública: sites como Reclame Aqui e redes locais ajudam a dar visibilidade; sindicatos também costumam coletar denúncias.

– Buscar orientação jurídica: casos com prejuízo financeiro (saques não realizados, descontos indevidos, problemas no recebimento de benefícios) podem ensejar ação judicial coletiva ou individual com base no Código de Defesa do Consumidor.

– Exigir informações do banco: pedir por escrito qual agência assumirá as contas, prazo de transição, alternativas para atendimento e como o banco protegerá clientes vulneráveis.

E claro, por fim, trocar de banco, se possível. Com o mundo digital, o que não faltam são opções. (Fonte:  SP Jornal)

Notícias FEEB PR

COMPARTILHE

NOTÍCIAS RELACIONADAS