Caixa fica com Rita Serrano, Tarciana Medeiros assume BB, que vai ter 1ª presidente mulher

02/01/2023
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Rita Serrano e Tarciana Medeiros - foto Reprodução/Facebook e Fernando Santos/BB - 


Os nomes das duas foram confirmados pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Por Eduardo Gayer e Thais Barcellos)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu Tarciana Medeiros para ser a primeira presidente mulher do Banco do Brasil e Rita Serrrano para a Caixa Econômica Federal. Os nomes foram confirmados pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta sexta-feira, 30.

Tarciana é gerente executiva na área de Clientes e Soluções para Pessoas Físicas do Banco do Brasil. Será a primeira vez em 214 anos da história do Banco do Brasil que a instituição será presidida por uma mulher. Já Serrano é representante dos funcionários no conselho de administração da Caixa.

Lula se encontrou com Tarciana e Rita ainda nesta manhã no hotel em que o petista está hospedado em Brasília, acompanhados pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que liderou as tratativas para escolher o comando dos bancos públicos.

Após a indicação, os nomes das novas presidentes do BB e da Caixa terão de passar por instâncias internas de governança, que aferirão se atende à Lei das Estatais e às regras internas.

“Elas conversaram muito com o presidente, conversaram comigo, e estão alinhadas com o plano de governo do presidente Lula, sabem os desafios, a relação de crédito do Brasil, que é muito desafiadora e estão bastante animadas”, afirmou Haddad no anúncio.

Segundo ele, o primeiro projeto que ambas vão tocar é o Desenrola, que mira a quitação de dívidas em geral. A proposta prevê, numa primeira etapa, ações voltadas para famílias que ganham até três salários mínimos - renda hoje de até R$ 3.636 -, mas depois ampliar o acesso para famílias com rendas mais elevadas.

“O Banco do Brasil e a Caixa são atores importantes do mercado e da indústria bancária e a Febraban, na condição de maior representante do setor, confia que a experiência e trajetória das novas dirigentes levarão à continuidade do desempenho das duas instituições para o bom e relevante funcionamento do mercado de crédito, que, por sua vez, é um dos pressupostos para uma retomada saudável da economia”, disse o presidente da Febraban, Isaac Sidney, em nota.

Primeira mulher na Presidência deve levar agenda de diversidade ao BB
Tarciana Medeiros é bacharel em Administração de Empresas e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão. Ela tem 44 anos, é paraibana e está há 22 anos no BB. Desde 2021, é executiva na Diretoria de Clientes PF e MPE, na Gerência Executiva de Ciclos de Relacionamento com Clientes, onde é responsável pelo B-Commerce do Banco do Brasil.

O nome da nova presidente foi bem aceito nos corredores do banco, diante da expectativa de que ela impulsione a agenda de diversidade na instituição. Ela é a primeira mulher a assumir a presidência do banco em seus 214 anos de história, uma lacuna que a Caixa, “irmã” do BB, já havia preenchido. Além disso, ela também é nordestina e tem ascendência negra, fatores que têm sido destacados internamente, ao comentar a escolha.

Em relação ao seu perfil técnico, fontes ressaltam seu conhecimento na área de varejo, coração do BB, mas ressaltam o grande trabalho que terá à frente na presidência, que tem de zelar pelo banco todo. Atualmente no cargo de gerente executiva, Medeiros tem passagens pela área de pessoa física, seguros e atendimento ao cliente.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, Medeiros teve encontros com Carla Nesi, hoje assessora do presidente do banco, Fausto Ribeiro, Paula Sayão, diretora de marketing, e Rodrigo Vasconcelos, gerente geral de Analytics do banco.

“Nas interações que tive com ela à época em que eu presidia o banco, pude constatar que se trata de uma profissional extremamente qualificada e competente, além de ser um excelente ser humano”, disse o ex-presidente do BB, Paulo Caffarelli.

Presidente da Caixa fala em rever consignado do Auxílio Brasil
Já Rita Serrano é funcionária da Caixa há 33 anos e, hoje, é representante dos funcionários no conselho de administração. Com formação em Estudos Sociais e História e mestrado em Administração, Rita ingressou na Caixa em 1989, ocupando diferentes funções. Entre 2006 e 2012, presidiu o Sindicato dos Bancários do ABC, em São Paulo. Chegou ao Conselho de Administração em 2014, no cargo de suplente, sendo eleita titular em 2017. Na última eleição em 2020, foi reeleita com mais de 90% dos votos – 19 mil, do total de 21.923. Ela vai renunciar o cargo e novas eleições devem preencher a vaga que pertence aos empregados.

Dentre seus colegas executivos, é vista como uma pessoa muito coerente, bem capacitada e com amplo conhecimento da Caixa, mantendo uma relação sempre harmônica com os demais membros do conselho, mesmo diante de divergências sobre a estratégia corporativa. A exceção foi Pedro Guimarães, com quem tinha relação mais árida, diante de críticas reiteradas do ex-presidente do banco a governos anteriores ao de Jair Bolsonaro (PL).

Apoiou, por sua vez, decisões da gestão de Daniella Marques, sobretudo nos programas voltados para mulheres, como o Caixa pra Elas, que dá apoio ao público feminino em casos de violência e também promove independência financeira.

Ela afirmou que é preciso rever a política de crédito “temerária” com viés eleitoral e considerou que seria importante renegociar os prazos de devolução de recursos ao Tesouro Nacional, em nota divulgada logo após a nomeação. “Principalmente, as operações de crédito consignado do Auxílio Brasil, tanto em função de suas consequências perversas para a população mais vulnerável, como devido aos efeitos das operações sobre o volume de provisionamentos e sobre a liquidez da instituição, que comprometem a capacidade de geração de novos créditos”, disse.

“Além disso, considero importante renegociar prazos para a devolução dos IHCD para o Tesouro, bem como revisar os processos e o modelo organizacional do banco, que devem estar adequados ao cumprimento dos objetivos da instituição”, completou.

IHCD é a sigla para Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD), recursos que foram aportados nos bancos públicos pelos governos petistas para ampliar a capacidade de concessão de crédito. A Caixa já devolveu R$ 11,35 bilhões ao Tesouro desde 2019, de um total de R$ 21,1 bilhões. O restante teve um cronograma de devolução aprovado pelo Conselho de Administração recentemente e atualmente está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Na votação no conselho de administração, Rita, que é representante dos trabalhadores no comitê, foi a única que foi contra ao cronograma sugerido.

Segundo um técnico do banco a par do assunto, a futura presidente não é necessariamente contra a devolução dos recursos, mas tinha divergências em relação aos prazos. Outra fonte afirmou que Rita era inicialmente contra por entender que o montante poderia ser utilizado para dar suporte a programas sociais. Mas, segundo o executivo, ficou mais confortável depois que o conselho definiu que a devolução ocorreria considerando os índices de capital do banco.

Na nota, Rita Serrano defendeu que é preciso “construir uma nova Caixa para um novo Brasil”. “Reorganizar o banco para cumprir com excelência o gerenciamento dos programas de transferência de renda do governo e do Minha Casa Minha Vida, bem como ampliar a parceria com Estados e municípios para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura”, explicou. Ela ainda citou que há desafios de inclusão bancária. “É preciso promover a inclusão bancária da população e avançar em tecnologia para oferecer melhores serviços para atendimento aos clientes”. / COLABORARAM MATHEUS PIOVESANA E ALINE BRONZATI (Fonte: Estadão)

Notícias Feeb/PR

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